domingo, 29 de novembro de 2009

O Meu Olhar



O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

Alberto Caeiro

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Palavras



"Às vezes, as palavras mais significativas,
são aquelas que não são ditas."

domingo, 15 de novembro de 2009

Chove chuva...


Chove chuva,
Chove sem parar...
Pois eu vou fazer uma prece
Prá Deus, nosso Senhor
Prá chuva parar
de molhar o meu divino amor...

sábado, 14 de novembro de 2009

A minha aguerrida teimosia



Livre não sou, que nem a própria vida
Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.

Miguel Torga

sábado, 7 de novembro de 2009