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terça-feira, 5 de outubro de 2010

por um raio de luar!

Trepem, trepem trepadeiras!
Trepem, trepem pelo ar!
Que de plantas rasteiras,
está a terra a abarrotar.

Trepem, trepem trepadeiras!
Trepem, trepem sem parar!
E se o muro se acabar,
trepem, trepem trepadeiras,
por um raio de luar.

Jorge Sousa Braga

sábado, 20 de março de 2010

Ãs árvores e os livros




As árvores como os livros têm folhas
e margens lisas ou recortadas,
e capas (isto é copas) e capítulos
de flores e letras de oiro nas lombadas.

E são histórias de reis, histórias de fadas,
as mais fantásticas aventuras,
que se podem ler nas suas páginas,
no pecíolo, no limbo, nas nervuras.

As florestas são imensas bibliotecas,
e até há florestas especializadas,
com faias, bétulas e um letreiro
a dizer: «Floresta das zonas temperadas».

É evidente que não podes plantar
no teu quarto, plátanos ou azinheiras.
Para começar a construir uma biblioteca,
basta um vaso de sardinheiras.

Jorge Sousa Braga


quarta-feira, 22 de julho de 2009

Olhem esta magnólia,


Nem sempre as folhas são
quem primeiro vê a luz.
Olhem esta magnólia,
que se cobriu de flores,
antes de se terem coberto
de folhas, os ramos nus...

Jorge Sousa Braga

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Bons sonhos...


Esta noite sonhei que era um rio. Um rio pequenino, é certo, que nada mais conhecia além das montanhas onde nascia, dos amieiros e dos juncos que nele se debruçavam. Como todos os rios, o que eu mais ardentemente desejava era desaguar. Comecei a perguntar onde ficava o mar, mas ninguém me sabia responder. Apontavam-me com um gesto vago ora o este ora o oeste. Escolhera já a forma de desaguar – em delta, claro – mas não recolhera ainda o menor indício da proximidade do mar. Uma noite em que estava acampado ente as dunas cheguei finalmente a uma conclusão (a mesma a que todos os rios chegaram talvez antes de mim): o mar não existia.

(E essa conclusão era salgada.)

segunda-feira, 6 de abril de 2009

...a um nenúfar


Um nenúfar flutua
na mesma água
que a Lua.

Jorge de Sousa Braga