-mas a intuição gosta da vida e dos seus desafios."
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Decisões
-mas a intuição gosta da vida e dos seus desafios."
Alegoria floral
Nuno Júdice
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Sede...
Saio à rua sedento do teu rosto
e apenas surpreendo nas esquinas
o rastro da tua ausência.
Não sei de ti, não dou por ti.
Falta-me a tua voz,
sem a qual não irei adormecer.
Pergunto-me onde estás, onde andarás,
em que nuvem te diluíste
ou que vento te arrastou
a que paragens e perigos
nascidos do meu medo.
Torquato da Luz
Com o silêncio do punhal num peito
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Oiço falar
Eugénio de Andrade
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Pressa de quê?
Alberto Caeiro
Só contigo eu vou
"A ti pertencem todos os meus sonhos,
Meus pensamentos são tua morada,
Sem teu amor tudo seria nada,
O mundo triste e os dias não risonhos.
Minh'alma vive assim toda encantada,
Não há no meu olhar brilhos tristonhos,
Se estás a meu lado os males mais medonhos,
Fogem de medo da tua sombra alada.
Tu és, meu anjo, o meu porto de abrigo,
Não há ninguém no mundo, amor eu juro
Que possa dar-me tudo o que me dás!
Fica p'ra sempre comigo:
Cada lugar é a face do perigo
Quando me vejo onde não estás."
Silvia Schmidt
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Olhar
Torquato da Luz
Sabedoria
Desde que tudo me cansa,
Comecei eu a viver.
Comecei a viver sem esperança...
E venha a morte quando
Deus quiser.
Dantes, ou muito ou pouco,
Sempre esperara:
Às vezes, tanto, que o meu sonho louco
Voava das estrelas à mais rara;
Outras, tão pouco,
Que ninguém mais com tal se conformara.
Hoje, é que nada espero.
Para quê, esperar?
Sei que já nada é meu senão se o não tiver;
Se quero, é só enquanto apenas quero;
Só de longe, e secreto, é que inda posso amar.
E venha a morte quando Deus quiser.
Mas, com isto, que têm as estrelas?
Continuam brilhando, altas e belas.
José Régio
domingo, 19 de outubro de 2008
O mar estava perto
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
A você, com amor
O amor é a memória
O silêncio que treme
e parece ocupar
o coração que freme
quando a melodia
do canto de um pássaro
parece ficar...
O amor é Deus em plenitude
a infinita medida
das dádivas que vêm
com o sol e com a chuva
seja na montanha
seja na planura
a chuva que corre
e o tesouro armazenado
no fim do arco-íris.
Vinicius de Moraes
Se...
Sê um arbusto no vale, mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.
Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.
Pablo Neruda
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
E de novo a armadilha dos abraços
E de novo o enredo das delícias,
o rouco da garganta, os pés descalços
a pele alucinada de carícias.
As preces, os segredos as risadas
no altar esplendoroso das ofertas.
De novo beijo a beijo as madrugadas
de novo seio a seio as descobertas.
Alcandorada no teu corpo imenso
teço um colar de gritos e silêncios
a ecoar no som dos precipícios.
E tudo o que me dás eu te devolvo.
E fazemos de novo, sempre de novo
o amor total dos deuses e dos bichos.
Rosa Lobato Faria
terça-feira, 14 de outubro de 2008
Cantiga
Nuno Júdice
Novamente o sonho...
acreditando nele, a nossa vida
Indiferentes...
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Outono
Amor que morre
O nosso amor morreu... Quem o diria!
Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta,
Ceguinha de te ver, sem ver a conta
Do tempo que passava, que fugia!
Bem estava a sentir que ele morria...
E outro clarão, ao longe, já desponta!
Um engano que morre... e logo aponta
A luz doutra miragem fugidia...
Eu bem sei, meu amor, que pra viver
São precisos amores, pra morrer,
E são precisos sonhos para partir.
E bem sei, meu amor, que era preciso
Fazer do amor que parte, o claro riso
De outro amor impossível que há-de vir!
Florbela Espanca
domingo, 12 de outubro de 2008
Improviso de Outono
donde vem?
de que sorriso
ou fonte
ou pedra aberta
e é para ti que canta
ou, simplesmente,para ninguém?
que juventude
te morde ainda os lábios?
que rumor de abelhas
te sobe pela garganta?
não perguntes; escuta:
é para ti que canta.
Eugénio de Andrade
Destino
rega as tuas plantas,
ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
de árvores alheias.
A realidade
Sempre é mais ou menos
do que nós queremos.
Só nós somos sempre
iguais a nós próprios.
Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
como ex-voto aos deuses.
Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
está além dos deuses.
Mas serenamente
imita o Olimpo
no teu coração.
Os deuses são deuses
porque não se pensam.
Ricardo Reis
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Poema da vida
Vinicius de Moraes
Viagem
Nuno Júdice