segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Amor que morre

Claude Monet

O nosso amor morreu... Quem o diria!

Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta,

Ceguinha de te ver, sem ver a conta

Do tempo que passava, que fugia!


Bem estava a sentir que ele morria...

E outro clarão, ao longe, já desponta!

Um engano que morre... e logo aponta

A luz doutra miragem fugidia...


Eu bem sei, meu amor, que pra viver

São precisos amores, pra morrer,

E são precisos sonhos para partir.


E bem sei, meu amor, que era preciso

Fazer do amor que parte, o claro riso

De outro amor impossível que há-de vir!


Florbela Espanca

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