terça-feira, 18 de março de 2008

Quando eu morrer...


Quando eu morrer
não me dêem rosas
mas ventos.


Quero as ânsias do mar
quero beber a espuma branca
duma onda a quebrar
e vogar.


Ah, a rosa dos ventos
a correrem na ponta dos meus dedos
a correrem, a correrem sem parar.


Onda sobre onda infinita como o mar
como o mar inquieto
num jeito
de nunca mais parar.


Por isso eu quero o mar.
Morrer, ficar quieto,
não.
Oh, sentir sempre no peito
o tumulto do mundo
da vida e de mim.


E eu e o mundo.
E a vida. Oh mar,
o meu coração
fica para ti.
Para ter a ilusão
de nunca mais parar.

Alexandre Dáskalos
Poeta angolano

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