segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Noite e solidão


Deixem passar quem vai na sua estrada
Deixem passar
Quem vai cheio de noite e de luar
Deixem passar e não lhe digam nada.

Deixem, que vai apenas
Beber água de sonho a qualquer fonte;
Ou colher açucenas
A um jardim que ele lá sabe, ali defronte.

Vem da terra de todos, onde mora
E onde volta depois de amanhecer.
Deixem-no pois passar, agora

Que vai cheio de noite e solidão
Que vai ser uma estrela no chão.

Miguel Torga

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